A mais recente pesquisa eleitoral realizada em Pernambuco pelo instituto Paraná Pesquisas reforça um cenário já conhecido por analistas políticos e pelo próprio eleitorado local. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém domínio amplo no estado onde nasceu, liderando todos os cenários testados com margem confortável e desempenho que se aproxima ou ultrapassa metade das intenções de voto. A distância em relação aos adversários é expressiva e supera os 40 pontos percentuais no primeiro turno, configurando uma vantagem difícil de ser contestada no curto prazo.
O levantamento indica que, caso a eleição presidencial fosse hoje, Lula venceria com folga nomes da oposição como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o senador Flávio Bolsonaro. Em todos os recortes apresentados, o petista aparece isolado na liderança, sustentado por um capital político histórico no Nordeste, especialmente em Pernambuco, onde sua trajetória pessoal e política se confunde com a memória recente de políticas sociais que marcaram gerações.
Esse desempenho consolida Lula como favorito no estado para 2026, ainda que o calendário eleitoral esteja distante. O dado relevante não está apenas na liderança do presidente, mas na estabilidade desse apoio. Mesmo diante de um ambiente político polarizado e de críticas recorrentes ao governo federal, o eleitor pernambucano segue majoritariamente alinhado ao projeto petista, repetindo um padrão observado em disputas anteriores.
Direita fragmentada e disputa por protagonismo
Dentro desse cenário de hegemonia lulista, a pesquisa revela um outro movimento que merece atenção. Embora ambos estejam muito atrás de Lula, Flávio Bolsonaro apresenta desempenho eleitoral superior ao de Tarcísio de Freitas entre os eleitores que se identificam com a direita em Pernambuco. O senador obtém percentuais mais altos que o governador paulista, mesmo em um estado considerado progressista e historicamente alinhado ao PT.
O resultado sugere que o bolsonarismo mais identificado com o discurso ideológico e com a família Bolsonaro ainda exerce maior apelo entre conservadores pernambucanos do que uma alternativa associada a um perfil mais técnico e institucional, como o de Tarcísio. O governador de São Paulo, frequentemente apontado como um nome capaz de dialogar com setores do centro e do mercado, encontra dificuldades para converter essa imagem em intenção de voto em um território onde a identidade política pesa mais do que o currículo administrativo.
A vantagem de Flávio Bolsonaro sobre Tarcísio não altera o quadro geral da eleição no estado, já que ambos permanecem muito distantes de Lula. Ainda assim, o dado é relevante para entender a dinâmica interna da oposição. Ele aponta que, ao menos em Pernambuco, a direita ainda não encontrou uma síntese capaz de ampliar sua base para além do núcleo mais fiel ao bolsonarismo.
A pesquisa também evidencia que a polarização nacional segue presente no imaginário do eleitor, mesmo em um contexto regional marcado por forte predominância de um dos polos. Lula aparece consolidado como referência política central, enquanto a oposição se divide entre diferentes estratégias e perfis, sem conseguir unificar discurso ou projeto eleitoral.
Para analistas, o desafio da direita passa por construir uma candidatura que consiga dialogar com o eleitor nordestino sem abrir mão de sua identidade política. O desempenho inferior de Tarcísio pode ser interpretado como um sinal de que a simples aposta em gestão e moderação não basta em regiões onde a política é fortemente marcada por símbolos, memória social e identificação afetiva.
Ao mesmo tempo, o resultado de Flávio Bolsonaro indica que o capital político do bolsonarismo ainda existe, embora encontre limites claros fora de seus redutos tradicionais. Em Pernambuco, esse apoio não se traduz, até o momento, em competitividade real frente ao presidente.
O levantamento do Paraná Pesquisas, portanto, cumpre um papel importante ao iluminar dois movimentos simultâneos. De um lado, confirma a força eleitoral de Lula em seu estado natal, com vantagem ampla e consistente. De outro, expõe uma oposição fragmentada, que ainda busca um nome e um discurso capazes de reduzir a distância e disputar espaço de forma mais equilibrada. Enquanto isso não ocorre, o placar em Pernambuco segue amplamente favorável ao presidente.
Fonte: Veja
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