A criação de cavalos de elite no Brasil já reúne quase 6 milhões de animais, movimenta R$ 30 bilhões por ano e envolve mais de 200 mil criadores, segundo dados consolidados do setor equino. Além do impacto econômico, pesquisas internacionais mostram que avanços em reprodução, genética, análise biomecânica e monitoramento fisiológico estão redefinindo os padrões de manejo em haras de elite em países como Estados Unidos, Argentina e Reino Unido.
Para Gonçalo Borges Torrealba, empresário e um dos criadores brasileiros com operação nos dois maiores mercados do mundo, Brasil e Estados Unidos, a tecnologia deixou de ser um diferencial e se tornou uma exigência competitiva.
“Hoje, qualquer planejamento de criação passa por dados, métricas reprodutivas e previsibilidade genética. O setor evoluiu do empirismo para a análise técnica”.
Estudos recentes mostram que tecnologias de edição genética, como as pesquisadas na Argentina, onde nasceram os primeiros cavalos geneticamente modificados, já acendem debates globais sobre regulamentação e limites esportivos. A Fédération Équestre Internationale (FEI) e entidades de turfe discutem como harmonizar protocolos de controle e ética diante do avanço biotecnológico.
Torrealba destaca que a modernização precisa coexistir com regras transparentes. “Inovação sem critério não se sustenta. O setor precisa evoluir respeitando normas internacionais e garantindo integridade esportiva”.
Reprodução e Performance
O uso de tecnologias reprodutivas é um dos pilares da modernização. Dados do mercado norte-americano mostram que técnicas como análise genômica, testes de compatibilidade e monitoramento hormonal aumentam em até 30% a eficiência de programas reprodutivos.
No universo dos puro-sangue, segmento em que Torrealba atua há décadas, a avaliação de linhagens utiliza bancos de dados que cruzam informações de milhares de animais em diferentes países, apontando probabilidade de desempenho, risco de lesões e potencial reprodutor.
Segundo Torrealba, essa análise refinada mudou completamente a forma de planejar a formação de garanhões.“As decisões hoje são tomadas com base em séries históricas e indicadores objetivos, não apenas em performance em pista. Isso reduz risco e orienta o investimento de longo prazo”, explica.
O impacto é direto na precificação de coberturas, na venda de potros e no valor final de um garanhão, cujo mercado pode superar dezenas de milhões de dólares nos Estados Unidos.
Monitoramento e rendimento
A adoção de sensores, plataformas de biomecânica e softwares de acompanhamento fisiológico também estão na linha de frente quando o assunto é inovação na criação de cavalos de elite. Haras já utilizam dispositivos que medem impacto, amplitude de passada, frequência cardíaca e padrões de movimento, permitindo identificar sobrecargas antes que evoluam para lesões.
Estudos internacionais apontam que esse tipo de monitoramento pode reduzir em até 40% o risco de problemas locomotores, um dos maiores desafios da indústria de corrida e esporte.
Para Torrealba, a tecnologia trouxe previsibilidade ao manejo diário. “O acompanhamento contínuo permite intervenções preventivas, não reativas. Isso prolonga a vida atlética do cavalo e melhora o rendimento ao longo dos anos”.
Especialização e gestão profissionalizada
A modernização tecnológica avança paralelamente ao crescimento do mercado. Relatórios internacionais indicam que os Estados Unidos movimentam mais de US$ 120 bilhões por ano na cadeia equina, enquanto países europeus registram expansão em segmentos de polo, hipismo e criação especializada.
Nesse contexto, Torrealba reforça que gestão profissional é determinante para competir internacionalmente. “O criador que trabalha com planejamento, ferramentas de análise e acompanhamento técnico vai se posicionar melhor em um mercado que está cada vez mais globalizado”.
Sobre Gonçalo Borges Torrealba

Gonçalo Borges Torrealba é empresário e advogado formado pela UERJ, com atuação no setor financeiro e trajetória consolidada no mercado equino. Liderou o Haras TNT por mais de duas décadas e, desde 2013, é proprietário da Three Chimneys Farm, no Kentucky, referência na criação de puro-sangue inglês. À frente da fazenda, desenvolve projetos voltados à reprodução, manejo e gestão estratégica de cavalos de elite.
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