A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro começou neste sábado (6/12) a aplicar a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) em gestantes. O objetivo é reduzir casos graves de bronquiolite e outras doenças respiratórias em bebês menores de seis meses, faixa etária mais vulnerável às complicações provocadas pelo vírus. A iniciativa marca um novo passo na estratégia municipal de enfrentamento ao VSR, responsável por grande parte das internações pediátricas no país.
Vacinação começa nos Super Centros e será ampliada para toda a rede
A imunização teve início nas três unidades do Super Centro de Vacinação, localizadas em Botafogo, na Zona Oeste (ParkShoppingCampoGrande) e na Zona Norte (Shopping Nova América). Durante o fim de semana, a vacina está disponível conforme o horário de funcionamento de cada centro comercial, exceto a unidade de Botafogo, que abre diariamente das 8h às 22h.
A partir das 12h de segunda-feira, a oferta será expandida para as 240 salas de vacinação das unidades de Atenção Primária, incluindo clínicas da família e centros municipais de saúde. A recomendação é que todas as gestantes a partir da 28ª semana procurem um dos pontos de vacinação, sem limite máximo de idade gestacional.
O esquema é de dose única a cada gestação, seguindo o Calendário de Vacinação da Gestante do Ministério da Saúde.
Proteção precoce para recém-nascidos
O VSR é a principal causa de bronquiolite – responsável por cerca de 75% dos casos em crianças menores de 2 anos – e por aproximadamente 40% das pneumonias infantis em períodos de maior circulação do vírus. A estratégia de vacinar gestantes tem como foco garantir que os anticorpos produzidos pela mãe durante a gestação protejam o bebê nos primeiros meses de vida, período de maior risco.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a vacinação é essencial para reduzir internações e mortes evitáveis.
“Hoje, a cidade do Rio iniciou a vacinação contra a bronquiolite. No ano passado, o Brasil registrou mais de dois mil óbitos infantis em decorrência da bronquiolite, além de mais de 120 mil internações. Somente na cidade do Rio de Janeiro, mais de 1.500 crianças foram hospitalizadas devido à doença. A forma mais eficaz de proteger as crianças é por meio da vacinação das gestantes. Ao se vacinar, a gestante transmite anticorpos que protegem o bebê. Recomenda-se que todas as gestantes com mais de 28 semanas de gestação se vacinem, preferencialmente até a 35ª semana, embora a vacinação após esse período ainda ofereça proteção”, afirmou Soranz.
Como funciona o imunizante
A vacina contra o VSR utilizada na campanha é recombinante, inativada e aprovada para uso em gestantes. Além de prevenir bronquiolite, ela reduz o risco de outras infecções respiratórias causadas pelo vírus. Por ser compatível com outras vacinas recomendadas na gestação — como influenza, covid-19 e dTpa — pode ser administrada na mesma visita, facilitando a atualização do calendário vacinal.
A integração com o Programa Nacional de Imunizações (PNI) permite que a imunização seja oferecida de forma contínua na rede do SUS, com foco em ampliar a proteção coletiva e reduzir a sobrecarga dos serviços de saúde durante a sazonalidade do VSR.
Depoimento de quem já se vacinou
A manicure Darliane Pontes, de 40 anos, foi uma das primeiras a receber o imunizante no Super Centro Carioca de Saúde de Botafogo. Ela contou ter aguardado ansiosamente pela liberação da vacina no SUS e destacou a importância da proteção para o bebê.
A proteção do nosso filho da bronquiolite é algo primordial e, com certeza, todas as gestantes devem fazer a mesma coisa, tomar a vacina. Desde o início do meu acompanhamento eu já sabia que a vacina ia chegar no SUS.
“Então fiquei nessa ansiedade para tomar a vacina e deu tudo certo. Eu fiquei sabendo pelo meu agente comunitário de saúde, ele me ligou ontem e explicou que estaria disponível a partir de hoje e que eu já poderia tomar a vacina. Fiquei muito feliz”, relatou Darliane.
Cenário da doença no Rio de Janeiro em 2025
Entre janeiro e outubro de 2025, o VSR provocou 1.563 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na capital fluminense. As crianças menores de seis meses concentraram 55% desses casos, reforçando a necessidade de medidas preventivas. O vírus continua sendo a principal causa de hospitalizações nessa faixa etária, especialmente entre bebês prematuros, portadores de cardiopatias congênitas ou doenças pulmonares crônicas.
Documentos necessários
Para se vacinar, basta apresentar um documento de identificação e, se possível, a caderneta da gestante ou outro comprovante de vacinação. A documentação ajuda os profissionais a avaliarem a situação vacinal e a atualização do calendário.
Hans Dohmann explica como a estratégia de atenção primária fez o Rio de Janeiro se tornar referência mundial no controle de surtos
A recente publicação da The Lancet Regional Health destacando o Rio de Janeiro como um dos melhores exemplos globais de resposta a surtos recoloca no centro do debate uma estratégia que mudou a história da saúde da cidade: a expansão em larga escala da atenção primária.
Para o médico e gestor Hans Dohmann, responsável pela transformação da rede de saúde do município entre 2009 e 2014, quando era secretário de saúde, o reconhecimento é mais do que um mérito institucional: é a validação de uma política pública baseada em ciência, dados e cuidado territorial. Confira o artigo completo.
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
Foto: https://br.freepik.com/fotos-gratis/medico-com-luvas-administrando-vacina-para-crianca_11723027.htm
