O mercado brasileiro de motos elétricas está crescendo em ritmo acelerado, segundo dados recentes da Fenabrave. No primeiro trimestre de 2025, foram licenciadas 3.452 unidades, o que representa um crescimento de 104,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Essa tendência mostra que a mobilidade elétrica conquistou não só consumidores urbanos, mas até mesmo frotas corporativas.
Segundo a Mordor Intelligence, o mercado de duas rodas no país (incluindo elétricas) era estimado em US$ 5,74 bilhões em 2025, com projeção para atingir US$ 7,06 bilhões até 2030, sendo que as motocicletas elétricas devem apresentar taxa de crescimento (CAGR) de 12,41% no período.
Para Rodrigo Borges Torrealba, CEO da MotoX, essa tendência deve continuar nos próximos anos, mas o ritmo forte de crescimento exige análises mais criteriosas sobre custo total e viabilidade financeira. “O interesse está aumentando rapidamente, mas retorno financeiro não pode ser calculado apenas com base no preço da moto. É preciso observar autonomia, custos operacionais e a vida útil da bateria”, afirma.
Modelos mais acessíveis e custo de aquisição
De acordo com reportagem da revista Exame, há motos elétricas no Brasil com preços entre R$ 11.990 e R$ 20.390, o que torna a opção elétrica competitiva em segmentos urbanos.
Entre os modelos citados estão a Shineray SE3 (R$ 11.990), a Voltz EV1 Sport (R$ 15.890), a Watts WS120 (R$ 16.990), a Shineray SHE-S (R$ 19.290) e a Voltz EVS (R$ 20.390).
Segundo Torrealba, esses modelos representam uma porta de entrada interessante para novos usuários: “quando a aquisição inicial é baixa, o payback por meio do uso diário e da economia de energia pode tornar o investimento bastante atrativo”, afirma. Ele ainda pontua que, embora o valor de aquisição seja um dos fatores mais visíveis, é preciso considerar todo o ciclo de vida da moto para avaliar seu retorno financeiro real.
Manutenção, autonomia e economia no uso
O especialista cita ainda que outro vetor decisivo para o retorno sobre o investimento está na manutenção e nos custos operacionais. Como as motos elétricas têm menos peças móveis comparadas aos veículos a combustão, a manutenção tende a ser mais simples e menos frequente.
Isso pode resultar numa economia substancial ao longo dos anos. Também pesa positivamente a redução no custo por km rodado, já que a energia elétrica para recarga costuma sair bem mais barata do que os combustíveis fósseis usados nos motores tradicionais.
No entanto, o tempo de retorno financeiro depende do perfil de uso: para quem roda pouco por dia, o payback pode demorar mais; já para entregadores urbanos ou uso intensivo, a economia de energia se traduz em retorno mais rápido. Torrealba ressalta a importância de usar simulações de custo total de propriedade (TCO) para diferentes cenários: “é fundamental projetar a quilometragem, os custos de energia, vida útil da bateria e eventuais trocas para estimar o tempo ideal de payback”, afirma.
Infraestrutura e riscos para o retorno de investimento
Mesmo com os avanços e vantagens, existem desafios que podem afetar o retorno financeiro das motos elétricas. A infraestrutura de recarga ainda é limitada em muitas cidades brasileiras, o que pode elevar o custo de uso ou restringir a autonomia prática para alguns modelos. Além disso, a adoção de soluções como troca de baterias (“battery swapping”) ainda é incipiente, o que implica depender majoritariamente de pontos de recarga convencionais.
Por outro lado, iniciativas locais têm avançado para reduzir esses riscos: startups e empresas estabelecidas investem em soluções mais distribuídas de carregamento e em produção nacional de veículos elétricos para minimizar custos logísticos e de importação.
Sobre Rodrigo Borges Torrealba

Rodrigo Borges Torrealba é CEO da MotoX Comércio de Motos Ltda desde 2008. Formado em Administração, possui dois MBAs, um em Administração de Negócios Marítimos e outro em Administração Financeira, adquiridos durante sua carreira na Cia Paulista de Comércio Marítimo. Ao longo de sua trajetória, ocupou funções administrativas e comerciais, incluindo o cargo de Diretor Comercial para a Europa, o que lhe conferiu sólida experiência no comércio internacional. Sob sua liderança, a MotoX tem focado na inovação, no atendimento de qualidade e na sustentabilidade, alinhando suas operações às diretrizes ESG e promovendo a modernização da linha de produtos no mercado brasileiro.
Imagem: Freepik
