Brasil lidera índices de depressão na América Latina, e organizações intensificam esforços para promover o bem-estar físico e mental
Com o começo do ano e a renovação do sentimento de recomeço, campanhas como Janeiro Branco ganham protagonismo e destacam a importância dos cuidados com a saúde mental. No site oficial da iniciativa, dados preocupantes se sobressaem, entre eles a informação de que o Brasil é o país da América Latina com maior prevalência de pacientes diagnosticados com depressão.
O Brasil já foi considerado, em 2019, o mais ansioso do mundo, título recebido a partir de um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). Após a pandemia de Covid-19 e com o aumento no consumo de redes sociais, o debate sobre a importância dos cuidados com a saúde mental se intensificou. No entanto, o país ainda apresenta índices preocupantes, principalmente entre os jovens.
“Muitos sintomas, se identificados cedo, podem ser tratados antes de se tornarem graves. A terapia é uma ferramenta eficaz para isso”, explica René Padovani, psicólogo e coordenador de filantropia da OS Pró-Saúde.
Dicas para cuidar da saúde mental
As campanhas Janeiro Branco e Setembro Amarelo ganham força a cada ano e se consolidam no calendário brasileiro. Essas iniciativas combatem os estigmas em torno do tema e ressaltam a importância da conscientização coletiva de comunidades, empresas e ONGs.
Pensando nisso, a Organização Social Pró-Saúde, uma das principais gestoras de serviços de saúde do Brasil, listou algumas medidas de apoio para incorporar à rotina e informações sobre como buscar apoio especializado.
Diminua o consumo de redes sociais
Você sabia que 45% dos brasileiros acreditam que as redes sociais têm impacto negativo em sua saúde mental? Foi o que revelou um estudo de 2024 realizado com mais de 4.000 pessoas pelo Instituto Cactus, em parceria com a AtlasIntel.
A OS Pró-Saúde alerta sobre a importância de reduzir o consumo de redes sociais, principalmente no período noturno. Os algoritmos são desenvolvidos para estimular o consumo, o que, além de aumentar o estado de alerta, gera comparações e ansiedade.
Algumas práticas simples incluem acompanhar os relatórios de uso desses aplicativos e determinar intervalos para se afastar do ambiente online. Passeios ao ar livre, leituras ou artes manuais podem ampliar o bem-estar e aumentar a concentração.
Qualidade e higiene do sono
A maior atividade dos usuários nas redes sociais acontece no tempo livre, especialmente antes de dormir. O mesmo levantamento do Instituto Cactus mostrou que 58% dos entrevistados utilizam esses canais à noite e 53% afirmaram ter dormido menos de seis horas em pelo menos três dias nas últimas duas semanas.
Pesquisas recentes indicam que adultos precisam dormir pelo menos sete horas por noite e observar o sono é fundamental, pois, além de contribuir para a melhora da saúde mental, a insônia costuma ser um dos primeiros sinais de alerta em pessoas com quadros depressivos ou com ansiedade generalizada.
Movimente o seu corpo
Atividades físicas regulares não apenas combatem problemas de saúde mental, mas também previnem o seu surgimento. Movimentar-se libera substâncias analgésicas e induz a produção de neurotransmissores que promovem a sensação de prazer e bem-estar.
A OS Pró-Saúde reforça as recomendações da OMS, que indica pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de exercício intenso por semana. Se o tempo estiver curto, um estudo liderado por pesquisadores do King’s College mostrou que apenas 15 minutos diários de movimento já podem melhorar o bem-estar mental.
Procure ajuda
Além de medidas individuais de prevenção, em alguns casos é fundamental contar com o suporte de um psicólogo e psiquiatra, considerados o tratamento de primeira linha para quadros psíquicos. “A terapia não é apenas para momentos de crise. Ela proporciona um ambiente seguro para explorar emoções, comportamentos e se fortalecer diante dos desafios da vida”, observa o psicólogo da Organização Social Pró-Saúde.
Muitas pessoas acabam não procurando tratamento por questões financeiras ou pelos estigmas que ainda existem em torno das doenças de saúde mental. Existem alternativas acessíveis, como as Clínicas-Escola, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ONGs ou aplicativos que oferecem sessões com profissionais que cobram o valor social.
Em casos de urgência, é possível encontrar suporte em uma das unidades dos Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental. Para localizar a unidade mais próxima, procure nos sites de busca pela expressão “Ambulatórios de Saúde Mental” junto com o nome da sua cidade. Além disso, a linha do Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio 24 horas para pessoas em sofrimento psíquico.