O número de negócios liderados por mulheres cresce a cada dia, mas ainda enfrenta desigualdades estruturais e históricas no que diz respeito ao acesso a capital, oportunidades e estabilidade.
Segundo dados do Sebrae (2024), as mulheres representam 34% das pessoas empreendedoras no país, com forte atuação em serviços, educação e economia criativa. Apesar da presença crescente, desafios permanecem: levantamento da Rede Mulher Empreendedora (RME) aponta que 52% das empreendedoras iniciam seus negócios por necessidade, o que influencia a estrutura e a escala dos projetos.
Pesquisas também mostram limitações no acesso a investimentos. Estudo divulgado pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios demonstra que negócios de impacto social liderados por mulheres ainda recebem menos recursos financeiros do que iniciativas semelhantes comandadas por homens.
Para Michele Bouvier Sollack, CEO e fundadora do C7Grupo Educação & Saúde e autora do livro “Rica de Propósito”, compreender esse cenário é essencial para redefinir o que se considera sucesso. “Quando analisamos negócios femininos, é preciso considerar fatores históricos e sociais. Indicadores puramente financeiros não capturam o impacto real que essas empresas geram”, afirma.
Indicadores de propósito
O avanço de métricas relacionadas a impacto social e propósito tem se consolidado em modelos contemporâneos de gestão. Um relatório da McKinsey (2023) aponta que empresas que integram indicadores humanos e sociais apresentam até 30% maior retenção de equipes. Já estudo da Deloitte mostra que organizações orientadas por propósito têm 40% mais chances de atrair talentos, especialmente entre mulheres e jovens.
Michele destaca que esses dados revelam a necessidade de ampliar o olhar sobre o desempenho empresarial. “Negócios femininos tendem a incorporar valores de coletividade e impacto”.
Impacto social, comunidade e bem-estar como resultado
Além dos indicadores tradicionais, métricas como alcance comunitário, formação profissional oferecida, inclusão de mulheres em situação de vulnerabilidade e ações de bem-estar estão se tornando parâmetros de avaliação.
Pesquisa recente do Sebrae (2023) aponta que 37% das mulheres empreendedoras desenvolvem ações de impacto comunitário, de forma direta ou indireta. Entre lideranças femininas, iniciativas de apoio à educação, saúde mental e capacitação de jovens surgem como estratégias recorrentes.
“Quando falamos em propósito, falamos em continuidade. O impacto que um negócio gera na vida das pessoas e na comunidade precisa ser reconhecido como parte do resultado”, explica Michele, complementando que esses elementos estão diretamente relacionados ao conceito de legado.
Equilíbrio, autonomia e sustentabilidade emocional
Estudos também mostram que expectativas de sucesso diferem entre empreendedores homens e mulheres. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV, 2023) mostram que 62% das mulheres que empreendem consideram bem-estar e flexibilidade indicadores essenciais de sucesso, enquanto entre os homens esse índice é de 43%.
Segundo Michele, essa diferença altera a forma como modelos de desempenho devem ser avaliados. “A sustentabilidade emocional da líder e da equipe, a capacidade de manter operações sem exaustão e a criação de rotinas saudáveis são parte do desempenho dos negócios femininos”, afirma.
Integração entre métricas financeiras e de propósito
A empresária ressalta que métricas de propósito não substituem indicadores financeiros, mas ampliam a compreensão dos resultados. A integração de ambos os eixos, econômico e social, forma, segundo ela, um diagnóstico mais realista da performance de negócios femininos.
“É fundamental analisar o faturamento, mas também medir transformação social, qualidade de vida e influência positiva sobre outras mulheres. Quando esses dados são integrados, o diagnóstico de sucesso se torna mais completo”.
Sobre Michele Bouvier Sollack

Michele Bouvier Sollack é especialista em posicionamento e expansão de negócios voltados ao público feminino. Autora do livro “Rica de Propósito”, Mi Bouvier, como também é conhecida, é graduada em Gestão e Marketing e em Psicologia, combinando fundamentos de ciência comportamental e estratégia corporativa para impulsionar o crescimento sustentável de empreendedoras e líderes.
Recentemente foi premiada pela Société d’Encouragement au Progrès, em Paris, pelo seu trabalho como escritora e estrategista para mulheres empreendedoras.
À frente do C7Grupo Educação & Saúde e do OC7Instituto, desenvolve iniciativas que unem formação, propósito e impacto social, apoiando organizações voltadas à capacitação de mulheres e jovens em situação de vulnerabilidade.
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