A escassez de água volta ao centro das preocupações em São Paulo. O Sistema Cantareira, principal manancial que abastece a região metropolitana, registra níveis próximos aos de 2014, quando o estado enfrentou uma das piores crises hídricas da história recente. A situação reacende discussões sobre gestão de recursos, racionamento e os possíveis efeitos sanitários decorrentes da falta d’água.
Com a estiagem prolongada e temperaturas mais altas, cresce o risco de contaminação nos sistemas de distribuição e a proliferação de doenças transmitidas por água parada. Autoridades de saúde e saneamento buscam estratégias emergenciais para conter impactos à população.
Situação atual dos mananciais
O monitoramento mais recente indica que o Cantareira opera com volume útil abaixo de 30%, patamar considerado crítico pela Sabesp. O déficit de chuvas e o aumento do consumo urbano durante o calor aceleram a queda. A situação se repete em outros reservatórios que compõem o sistema metropolitano, como Alto Tietê e Guarapiranga.
Nos últimos anos, medidas de contenção e campanhas educativas ajudaram a evitar colapsos, mas o cenário de 2025 expõe vulnerabilidades estruturais: dependência de poucos mananciais, ocupação irregular no entorno e falta de integração entre políticas de saneamento e saúde pública.
O que o Cantareira representa
O sistema responde por cerca de 46% do abastecimento da Grande São Paulo. Uma queda prolongada pode afetar não apenas o fornecimento doméstico, mas também hospitais, escolas e estabelecimentos de saúde, que dependem de pressão constante na rede para manter padrões sanitários.
Riscos a saúde pública
A redução de pressão nas tubulações e a intermitência no fornecimento aumentam o risco de infiltração de contaminantes e bactérias. Segundo sanitaristas, surtos de gastroenterites, hepatites virais e leptospirose tendem a crescer em períodos de escassez.
Além disso, o acúmulo de água parada em reservatórios improvisados facilita a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Com o verão se aproximando, o cenário preocupa especialistas em vigilância epidemiológica.
Respostas e soluções
A Sabesp afirma que monitora diariamente o volume dos reservatórios e que o abastecimento segue garantido por enquanto, embora o racionamento seletivo esteja em estudo. Em paralelo, o governo estadual anunciou reforço em campanhas de uso racional da água e obras emergenciais de interligação entre sistemas.
Organizações da sociedade civil cobram mais transparência nos dados de qualidade da água e planos de contingência claros. Especialistas defendem investimento em reuso e captação de chuva como medidas de longo prazo para reduzir vulnerabilidades.
O que o cidadão pode fazer
- Reduzir o tempo de banho e fechar a torneira ao escovar os dentes
- Reutilizar água da máquina de lavar para limpeza de pisos
- Evitar lavar carros ou calçadas com mangueira
- Armazenar água de forma segura, sempre com tampa e limpeza frequente
Impactos e Oportunidades
O novo ciclo de estiagem desafia políticas de prevenção em saúde pública e pressiona o sistema de saneamento. Para a população, o momento é de adotar práticas de economia e vigilância sanitária.
Especialistas apontam que a crise também pode acelerar investimentos em tecnologias de reuso e dessalinização. O aprendizado da crise de 2014 servirá de referência para evitar medidas tardias e garantir resiliência diante das mudanças climáticas.

