O cardiologista Victor Duque Estrada Zeitune explica quais são os principais fatores de risco e como evitá-los
Historicamente associadas ao envelhecimento, as doenças cardíacas têm avançado entre os jovens brasileiros. Alimentação desequilibrada, sedentarismo e aumento dos níveis de estresse estão entre as causas apontadas por especialistas para esse crescimento preocupante.
De acordo com o cardiologista Victor Duque Estrada Zeitune, o cenário acende um alerta para a necessidade de ações preventivas que envolvam desde mudanças de hábitos até o acompanhamento médico regular.
O especialista indica ainda que, entre os principais fatores de risco, estão: hipertensão arterial, diabetes, obesidade, tabagismo e histórico familiar de doenças cardíacas. O sedentarismo, o consumo frequente de alimentos ultraprocessados e os altos níveis de estresse impactam diretamente o sistema cardiovascular.
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia
De acordo com um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), entre 1990 e 2019, houve um aumento de 62% das mortes por infarto entre mulheres de 15 a 49 anos. Na faixa dos 50 a 69 anos, o crescimento foi ainda mais expressivo, com alta de 176%. Além disso, estima-se que quase 10% das mortes por complicações cardiovasculares ocorram em pessoas com menos de 35 anos.
Práticas comumente divulgadas, como adotar um estilo de vida mais saudável desde a juventude, podem mudar esse cenário. Além de praticar atividades físicas e seguir uma alimentação balanceada, o cardiologista recomenda manter os exames de rotina em dia, o que permite detectar precocemente alterações nos níveis de colesterol, pressão arterial e glicemia — indicadores importantes no controle das doenças cardíacas.
Principais sinais de alerta
Os sintomas mais comuns das doenças cardiovasculares incluem dor no peito, que pode se manifestar como uma sensação de aperto, queimação ou pressão, muitas vezes irradiando para o braço esquerdo, pescoço, mandíbula ou costas. A falta de ar, especialmente ao realizar esforços leves ou ao se deitar, é outro sinal frequente, assim como o cansaço excessivo.
Palpitações, caracterizadas por batimentos cardíacos acelerados, irregulares ou mais fortes que o normal, também são comuns, geralmente associadas a arritmias. Além disso, o inchaço nos tornozelos, pés ou pernas pode surgir devido à retenção de líquidos, especialmente em casos de insuficiência cardíaca.
O médico Victor Duque Estrada Zeitune lembra que esses e outros sinais podem se manifestar de forma silenciosa ou atípica, especialmente em mulheres, idosos e pessoas com diabetes, o que reforça a necessidade de avaliação médica considerando o histórico de cada paciente.
Doenças cardiovasculares não escolhem idade
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 80% das mortes causadas por doenças cardiovasculares poderiam ser evitadas com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis. O controle do colesterol, por exemplo, permite monitorar o acúmulo de placas nas artérias, reduzindo o risco de obstruções que podem resultar em infartos ou acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Ao contrário do que se pensava no passado, o infarto e outras doenças cardiovasculares já não escolhem idade — e os jovens precisam estar atentos. Os cuidados com a saúde do coração devem estar presentes em todas as fases da vida, já que diagnósticos precoces refletem diretamente na melhora da qualidade de vida.
Foto: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/uma-pessoa-segurando-um-cronometro-BR8MqYyOPiU